sexta-feira, 9 de março de 2012

Aula - 02/03/12 (Ciber-cultura-remix - André Lemos)


Por cibercultura compreendemos as relações entre as tecnologias informacionais de comunicação, informação e cultura. Trata-se de uma relação entre as tecnologias e a sociabilidade, configurando a cultura contemporânea.
No início do século XXI, novas tecnologias de informação e comunicação alteram os processos de comunicação, de produção, de criação e de circulação de bens e serviços, trazendo uma nova configuração cultural, ou seja, “ciber-cultura-remix”.
A cibercultura caracteriza-se por três “leis” fundadoras: a liberação do polo da emissão, o princípio de conexão em rede e a reconfiguração de formatos midiáticos e práticas sociais. Tais leis vão nortear os processos de “re-mixagem”, tendo como objetivo compreender a cibercultura analisando alguns fenômenos atuais: os blogs, os podcasts, os sistemas “peer to peer”, os softwares de fonte aberta e a arte eletrônica. Por remix compreendemos as possibilidades de apropriação, desvios e criação livre.
A primeira lei seria a liberação do polo da emissão. Aqui a máxima é “tem de tudo na internet”, “pode tudo na internet”; A segunda lei é a do “tudo em rede”. Aqui a máxima é “a rede está em todos os lugares”. Essa lei é chamada de princípio de conectividade generalizada. Tudo comunica e tudo está em rede: pessoas, máquinas, objeto, monumentos e cidades; A a terceira seria a lei da reconfiguração. Aqui a máxima é “tudo muda, mas nem tanto”. Trata-se de reconfigurar práticas, modalidades midiáticas, espaços, sem a substituição de seus respectivos antecedentes. Reconfigurar a ideia de remediação ou também de modificação das estruturas sociais, das instituições e das práticas comunicacionais. Essas três leis estão na base da “ciber-cultura-remix”.
A partir das tecnologias digitais surgem novos formatos como a música eletrônica, a “body arte”, a “web-arte”, a “net-arte”, os hipertextos, a robótica, e as demais formas artísticas em interface com a literatura, o cinema o teatro e a dança.
O fenômeno mundial de emissões sonoras conhecido como podcast vai colocar em jogo as três leis da cibercultura. Vemos com os podcast, as três leis em ação: 1. liberação do polo da emissão (ouvinte produtor), 2. princípio de conexão (distribuição de sites na rede em conexão planetária) e, 3. reconfiguração dos formatos de emissão de conteúdos sonoros.
O caso dos blogs demostra ser também um fenômeno que tem raiz na liberação da emissão e na reconfiguração da indústria midiática e de suas práticas de produção de informação. Blogs são forma de publicação onde qualquer pessoa pode facilmente dispor e começar a emitir, seja diário pessoal, informações, emissão de áudio ou vídeos, fotos, etc.
Outro fenômeno marcante da cibercultura é o sistema de compartilhamento conhecido como “peer to peer” (P2P). Este possibilita a troca de arquivos de diversos formatos ao redor do mundo, revelando redes sociais que colocam em evidência a “ciber-cultura-remix”. Com isso, cada usuário pode fornecer as suas informações.
No caso dos softwares de código aberto, o que está em evidência é a criação e o compartilhamento livre, de forma aberta e criativa, construindo um dos mais interessantes fenômenos da cibercultura.
A cibercultura tem criado a mídia do cidadão, onde cada usuário é estimulado a produzir, distribuir e reciclar conteúdos digitais, sejam eles textos literários, protestos políticos, matérias jornalísticas, emissões sonoras, filmes caseiros, fotos ou música.
Conforme afirmação de DJ Spooky, os cidadãos digitais, já estão produzindo conteúdos pelos princípios da liberação da emissão, da conexão generalizada e da reconfiguração da indústrias culturais, sendo assim, um caminho irreversível na atual cibercultura. 

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